ADULTERAR-SE [um verbo]

ADULTERAR-SE [um verbo]

Dia desses me peguei pensando, tentando recordar, qual teria sido a última vez que ouvi minha mãe gritar meu nome, e eu, empurrando a bicicleta, subi a rua para aguardá-la e: “vai tomar banho, Robson! Esfrega bem esse pé…” no dia seguinte acordei adulto demais pra voltar de pés sujos para casa.

Porque é assim, não é? A gente vai se ‘adulterando’ na vida. Bem se sabe que coisa boa não é [ou pode vir a ser]. Há uma criança dentro de cada um. Vez ou outra ela aflora pra brincar com a gente. Ela arrisca, ela se suja, mas a verdade é que teme [às vezes] em ser feliz. Uma dia, pronto! A gente cresceu! E a gente entende que tudo continua igual. A gente continua sendo a gente.

Embora crescer nos leve a ganhar rótulos e se preocupar com títulos. Eles, os títulos, demonstram poder, trocamos o “eu sou…” da infância por “você sabe com quem está falando?” na vida adulta. ‘Adulterar-se’, também, pode ser construir muros, por vezes tão altos que não se enxergues quem do outro lado está.

Hoje abri a caixa de lápis de cor [senti a infância- a última vez que colori] me vi diante de três lápis. Veio-me de salto a ideia de que utilizamos muito mais uma cor do que outra para pintar a vida. Dos três um estava intacto. Adulterar-se é, também, gastar-se para colorir. Lutas desgastam uma pessoa, frustrações quebram suas pontas e as deixam ‘desapontadas’.

 

A verdade é que o tempo passa, gastando-se e colorindo tem- se a vida feita em cor. Há sempre um último a que recordar, assim como haverá sempre um amanhã a descobrir. CORAGEM!

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