Que ao menos me peçam licença.
Que não cheguem invadindo este espaço
sagrado.
Nas batalhas não mediram esforços para profanar meu templo.
Saquearam sentimentos;
certezas erigidas com o tempo;
levaram mentiras e verdades.
Restou à mim, sempre, juntar sozinho os pedaços do abandono.
Moro em ilha disputada!
Sei que não tarda a chegar novos soldados, bárbaros, colonos…
Pois que cheguem!
Mudei a tática de defesa.
Não deixo mais que me destruam num único golpe.
Sofre-se muito assim.
Mas peço: aportem nas margens, cheguem aos poucos…
Peçam licença, sem violência, com respeito.
Aos poucos de estrangeiro lhe considerarei cidadão.
E depois amigo, irmão.
E aí sim, fira-me com golpe.
Vença a luta. Conquiste o território.
Quando o deixar?
Haverei conquistado tantos outros que contigo vieram na tripulação.
Coração,
casa de muitos,
lar de poucos.
Se querem fazer morada,
cheguem sem invadir, assim não sentirei quando tiverem de partir.
Cheguem aos poucos, para não saírem como loucos.
Terei paciência, apenas peçam ‘com licença’.