O mundo é repleto de seres humanos, cada qual com seu jeito, seu modo de ser. Cada um traz consigo um modo de vida, uma cultura. Tornamo-nos uns para os outros uma verdadeira escola. Afinal, lê-se aqui da vida; e o que é a vida? O que fazemos com ela?
Faço uso das palavras da poetisa goiana Cora Coralina, que diz: “não sei se a vida é curta ou longa de- mais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.” Cada encontro é uma experiência relacional com o desconhecido.
E é isso que move a vida, é isso que dá sentido a ela. Lembro-me da história do encontro do Pequeno Príncipe com a raposa. Quando o Pequeno Príncipe vai partir a raposa olha para o campo de trigo e diz: “a partir de hoje, quando eu olhar para o trigo me lembrarei de você porque o dourado do trigo faz com que eu me recorde do dourado de seu cabelo.” Uma vez que o Pequeno Príncipe a cativou, tudo a sua volta passou a ter e fazer sentido.
Nas palavras de Cecília Meireles aprendemos que “há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.” Sempre temos muito a ensinar, assim como temos muito para aprender. Cada encontro, cada amizade nos favorecem a ensinar e aprender.
Mesmo sendo milhões e milhões de homens e mulheres neste mundo, quando nos encontramos com as pessoas e as cativamos, temos a certeza de que somos únicos na vida de alguém, assim como alguém é único em nossa vida. É bem verdade que nem sempre nossa vida está ordenada, mas, como disse José Saramago: “o caos é uma ordem a ser decifrada” … Aprendamos a fazer das dificuldades da vida um momento favorável para replanejar, mudar a rota, afinal, “a vida é um eterno devir, um vir a ser” (Heráclito) e isso nos garante a possibilidade de estarmos em constante mudança enquanto nos colocamos em constante relacionar-se com as pessoas e com o mundo.
Na minha forma de compreender, e você há de concordar comigo, o complicado da vida é viver com- plicando. Gostamos de prefácios que nos digam o que veremos a seguir. Na vida é fácil ter prefácio, mas difícil mesmo é vivermos sabendo escolher as muitas opções com que ela se apresenta.
Não se tem um jeito para viver a vida, tem-se a vida. E é isso.